quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

“Querido diário, hoje foi o melhor dia da minha vida...”

Um grande amigo me disse essa semana: “Se vai ser por pouco tempo... que seja o pouco tempo mais feliz da sua vida. Faça valer a pena!”
É engraçado como descrevemos alguns momentos muito bons como sendo os melhores. Quando eu era pequena, tinha um diário, assim como toda garota, acredito eu. Agora se eu for lê-lo, além de dar muita risada com os meus segredos, sobre os “amores da minha vida”, sobre as minhas “melhores amigas para sempre”, e claro, sobre os tantos erros de português, percebo que quase todos os dias eram os “melhores dias da minha vida”.
E os motivos eram muito simples e inocentes. “Querido diário, hoje foi o melhor dia da minha vida porque me diverti muito brincando com minhas primas” “Querido diário, hoje foi o melhor dia da minha vida porque dei voltas de moto com o meu tio” “...porque ajudei a vó a fazer bolachas de natal” “...porque a professora colocou eu e aquele menino pra sentarmos juntos na sala” “...porque a professora de português leu o meu texto na sala”.
Eu sei, dá muita vontade de rir, e isso que me lembro de pouquíssimas coisas, o original é muito mais engraçado, pode crer! Mas o que quero dizer com isso, é como eu ficava feliz com o que parece ser tão pouco, e acreditava que aquilo teria feito o meu dia, ser o melhor da minha vida.
Mas depois que crescemos, ficamos chatos e exigentes. Não nos contentamos mais com quase nada, um dia que antes poderia ser sensacional, passa a ser apenas um dia normal. E vai piorando.
E aí chega uma hora, que temos uma crise existencial, de identidade, de idade, de personalidade, de amizade, de confiança, ou do que quer que seja e do que quer que você queira chamar, e começamos a querer mudar tudo, a “correr atrás da felicidade”.
“Eu não estou feliz assim, não estou feliz aqui neste lugar, não estou feliz com você, não estou feliz com meu peso, não estou feliz com meu cabelo” etc.
Quantas vezes eu reclamo de tanta coisa besta. Aí é que está. Ás vezes estamos TÃO ocupados e obcecados nessa onda da procura da felicidade que também pode ser entendida como a onda da obrigação de mostrar a sua felicidade para os outros que fechamos nossos olhos para o que realmente poderia estar nos fazendo felizes.
Eu já vim pra Dublin em “processo de mudança”. E Dublin tem me feito muito bem. Eu sinto que aqui é meu lugar, pelo menos agora. Mas eu não vim aberta à felicidade, eu cheguei tentando procurar uma cura, um cicatrizante. Não é que não fosse feliz. Mas ainda estava naquela infindável e decepcionante busca.
Pois quando meu amigo me disse isso, eu parei e pensei: eu realmente estou vivendo o tempo mais feliz da minha vida. Claro, um dos mais felizes. Mas, AGORA, tem sido o melhor mesmo. Tem feito muito bem pra mim. E eu tenho voltado a ser aquela criança que se contenta com tudo. Com os detalhes, simples e inocentes.
Quando chove aqui que é bem frequente, por sinal é o “melhor dia da minha vida”. Quando faz sol, “é o melhor dia da minha vida”. Quando saio com meus amigos, que aliás, SÃO AMIGOS SENSACIONAIS, é o melhor dia... quando alguém sorri, quando eu rio não só de doer a barriga, mas também de dar vontade de fazer xixi (sim. Mas eu me seguro ok), quando exageramos na quantidade de comida outra coisa bem frequente, quando ficamos jogando cartas até as 3 da manhã, e até quando não fazemos nada da vida... eu me sinto feliz. Por mais que não pareça... porque eu sei que ainda passo a imagem de dark e depressiva pra muita gente, mas eu estou fazendo esse ser o pouco tempo mais feliz da minha vida. Abri meus olhos outra vez.
Não tenho duvidas de que estou fazendo valer a pena. A única coisa que tem me deixado triste, é saber que cada dia que passa, é um dia a menos para ficar aqui.
Nem mesmo a saudade me entristece. Eu acho que o fato de eu me sentir tão bem aqui, recompensa. E com certeza as pessoas tem recompensado muito também. Ninguém substitui ninguém, mas toda a amizade, o companheirismo, o cuidado, o amor e a “broderagem” que encontrei por aqui tem preenchido falta de mãe, de pai, de irmã, de vó, de primo, de tia... o que com certeza tem grande porcentagem nesse “me sentir tão bem aqui”.
Só realmente espero que eu consiga sempre sentir esse gostinho de infância, de ser criança e de dar valor aos menores, mais simples e às vezes aos mais “idiotas” momentos, e perceber o    
QUANTO eles podem me trazer felicidade.
Um pouco disso também se deve ao “sair da rotina”, que está mais para “sair da realidade”. Ao “tirar as adagas da frente e criar seu próprio ‘final’ feliz”. Que na verdade de final não tem nada né...
Mas pra resumir, e pra você finalmente entender o que eu estou tentando dizer, aprenda a ser feliz com os detalhes, pois, independente do tempo que durar... terá valido a pena! E todo dia poderá ser “o melhor dia da sua vida”. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom ver essa tua mudanca Camila!! Sinal de auto-conhecimento e amadurecimento!! bjs

Anônimo disse...

=)

BOT

Ricardo disse...

Agora você tem que me mostrar o diário quando voltar pra "Pátria Amada" hahahah adorei, como sempre tu é a melhor escritora EVER!